sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Conquista da Água Encanada nas Residências

Iniciou pelas ruas externas da vila a colocação de água encanada pela CORSAN. As ruas internas tiveram que aguardar até o ano de 1987. Porém, foram colocadas bicas públicas para os moradores. Mesmo assim, desde o início, as pessoas tinham que ter uma autorização da Associação de Moradores para poder ir á CORSAN. É algo parecido com o que ocorre hoje com as áreas irregulares, onde a CORSAN solicita do por público uma autorização. Como na época o poder público se omitia a regularizar as áreas de ocupação, as Associações faziam este papel, o que permaneceu valendo até 2009. 

Conquista da Energia Elétrica

Em 1985, depois de muita luta, a AMVUO conquista a energia elétrica para os moradores da vila. Ao final de 1986, todos os moradores passam a ter luz elétrica em suas residências. Foi uma das primeiras parcerias da AMVUO com o poder público, no caso, estadual através de sua concessionária de energia elétrica, a CEEE. Recordo as palavras do Flávio Madruga, gerente que nos atendia:"Eu não estou fazendo nenhum favor, pois instalo lá energia e vocês vão pagar. Eu não me interesso de vocês são ocupantes ou proprietários. Eu sei que vocês são cidadãos e trato todos da mesma forma".

Assembléia Histórica que rejeitou o Programa João de Barro

Em fevereiro de 1985, quando boa parte da área já estava ocupada, houve uma assembléia dos moradores junto aos eucaliptos da atual escola municipal Thiago Wurth, onde atualmente se localiza a Rua Espumoso, que debateu uma proposta da parte dos proprietários da área. Uma vez perdida a posse e avançando o processo de ocupação de toda a área, o Senhor Air Berghental em nome dos proprietários tentou viabilizar o Programa João de Barro, que consistia na organização de uma cooperativa habitacional onde seria adquirida a área, através de um financiamento da Caixa Econômica Federal. Os moradores rejeitaram a proposta, na convicção de que se aceitassem a mesma, estariam desmerecendo a sua conquista da posse da área. Posterior ao ato, surgiram versões de tentativas do senhor Air corromper as lideranças com vantagens financeiras caso convencessem os moradores a aceitar o projeto.

Romaria da Terra encoraja a luta dos moradores

No dia 06 de março de 1984 ocorreu a sétima Romaria da Terra do RS, iniciando na área de posse da vila União do Operários, terminando sua caminhada no centro da vila santo Operário. Momento de grande desemprego, o então sindicalista Paulo Paim, lê o evangelho durante a caminhada - as bem-aventuranças - tendo ao fundo um banner demonstrando a situação precária do desempregado. Os desempregados, grande parte moradores nas ocupações destas duas vilas, haviam recém-conquistado com a ajuda do movimento sindical, o Programa das Frentes Emergenciais de Trabalho. Nestas, em troca de cinco turnos de trabalho comunitário, organizados pelas associações de moradores, o desempregado recebia em troca uma cesta básica com 21 quilos de alimentos.

Vitória da Posse: 18 de novembro de 1983

A Vila União dos Operários nasce em 1980 como um processo de resistência de poucas dezenas de famílias à desocupação de sua posse na área do antigo Jóquei Clube do Prado. Em junho de 1980, após a formação da Associação de Moradores que foi em 25 de maio deste ano, os proprietários judicializaram o processo. No entanto, em 18 de novembro de 1983, no Tribunal de Alçada de Porto Alegre, um colegiado de nove juízes deu a vitória da posse aos moradores, arrolados 97 famílias neste processo. Estive presente neste evento e lembro-me da fala do juiz que proferiu seu voto de minerva, desempatando a questão que estava em 4x4: "Vocês estão hoje recebendo um presente de Natal, pois poderão permanecer nas suas posses!"

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